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terça-feira, 6 de março de 2012

JORGE PORTUGAL

Mais uma Etapa Começa na Minha Estória Pessoal.

Terapias e Terapeutas: a sua origem judáica.
As palavras terapia e terapeuta fazem parte do nosso vocabulário corriqueiro; terapia é o processo de cura enquanto um terapeuta é a pessoa ou o agente de cura. O dicionário Aurélio define a terapêutica como "parte da medicina que estuda e põe em prática os meios adequados para aliviar ou curar as doenças".
Na sua origem os terapeutas não eram médicos; eram membros de uma escola judáica, o mesmo título que o dos Essênios, que existia antes e durante a época de Jesus. Era espalhada em várias regiões do mundo, sendo o centro mais expressivo situado no Egito, em Alexandria. A sua vida é descrita pelo filósofo e rabino grego, Filon de Alexandria cuja tradução em português com comentários está sendo publicada pela Editora Vozes a partir do livro de Jean-Yves Leloup intitulado "Cuidar do ser". Pois é disto que se trata; eles cuidam do ser. Filon os descreve como sendo filósofos cuja profissão é superior a dos médicos pois a medicina comum às cidades daquela época "só cuida do corpo, enquanto a outra cuida também do psiquismo (psukas), preso por estas doenças penosas e difíceis de curar que são o apego ao prazer, a desorientação do desejo, a tristeza, as fobias, as invejas, a ignorância, o desajustamento ao que é e a multidão infinita das outras patologias (pathon) e sofrimentos". Eles se aproximariam mais dos nossos psicoterapeutas se não fosse o seu alto grau de desenvolvimento e evolução espiritual que faz deles seres plenos de aspiração divina, de lucidez de desapego completo por bens materiais e de "entusiasmo" que os leva a uma vida contemplativa, porém com prudência e sabedoria.
Tudo indica que a etimologia da palavra terapia se encontra além do grego, na língua hebraica. Quem levanta esta tese é um rabino contemporâneo Marc-Alain Ouaknin que acaba de publicar uma introdução à meditação hebraica. O autor nos mostra que a palavra hebraica Teroupha significa cura; Ele ressalta a analogia fonética entre Terapia e Teroupha, e consagra um capítulo inteiro sobre este assunto. Através de uma análise fonética mais aprofundada, que não cabe aqui, este rabino faz um paralelo com a psicanálise, mostrando que uma das interpretações dadas é desligar a palavra presa por não ter mais espaço para se expressar, o que dá origem a neurose e o conseqüente sofrimento. Se trata de desatar um nó. 
Assim sendo, podemos constatar que já na época de Alexandria havia uma distinção entre medicina do corpo e medicina psicossomática e espiritual. A história se repete...

Uma das perguntas que podemos nos fazer é referente à semelhança entre a prática de cura de Jesus e a contemporaneidade da Escola dos Terapeutas. Terá sido Jesus formado nesta escola judaica? Era Jesus um Terapeuta? É o que vamos examinar a seguir. 
Exame dos fatos essenciais sustentando esta hipótese.

Há certos pormenores essenciais a respeito da vida de Jesus e da sua origem que foram um tanto relegados ao esquecimento por razões que não cabe discutir aqui; me refiro particularmente ao fato de que Jesus era judeu e considerado como rabino pelos seus discípulos. O seu nome era judaico, Yeshoua Ben Iossef; a sua mãe Maria se chamava na realidade Míriam. 
Dentro deste contexto pode melhor entender a vida de Jesus e fazer algumas hipótese plausíveis a respeito da sua formação e influências recebidas neste misterioso período entre a sua adolescência e maturidade. O nosso objetivo aqui é examinar a hipótese que nos ocorreu há muito tempo quando lemos a primeira tradução da obra de Filon de Alexandria intitulada como já o vimos: Os Terapeutas.
A nossa hipótese é de que Jesus, entre outras influências possíveis, foi iniciado pelos Terapeutas, cuja maior escola se encontrava no Egito, em Alexandria. Vamos enumerar os fatos que nos levam a emitir esta hipótese. É claro que o espaço de um artigo não é suficiente para uma ampla demonstração da plausibilidade de nossa hipótese. Pessoas mais competentes poderão fazer de modo mais adequado; é o nosso voto.
Jesus era contemporâneo da Escola dos terapeutas pois era contemporâneo de Filon de Alexandria. Filon nasceu entre 20 e 10 antes da nossa era e morreu entre 39 e 40 depois do início da nossa era. 
Os pais de Jesus tinham relações com Judeus do Egito, já que é para lá que se refugiaram com o menino ameaçado de morte pelo governador romano. Seria bastante razoável que, diante das capacidades espirituais e da sabedoria precoce deste menino que surpreendeu os rabinos, os pais tenham sido aconselhados pelos mesmos rabinos a se aperfeiçoar nos Terapeutas. 
Jesus de fato curava e mesmo realizava curas vistas como milagrosas. Uma das sua últimas recomendações para os seus discípulos foi de curar pelas mãos. É o único carisma que ele recomendou desenvolver. Ora sabemos hoje, através da observação de pessoas que possuem o dom de curar, que elas fazem isto em estado de amor; isto é, que o que realmente cura, é a energia amorosa. O artigo 12 do tratado de Filon de Alexandria diz textualmente: "Os que se tornam terapeutas não os fazem movidos pelo hábito nem pela exortação ou solicitação de outrem, mas num impulso de amor divino". 
Aliás toda a vida dos Terapeutas está cheia de semelhanças com o que Jesus recomendava, a tal ponto que os Padres do Deserto e Orígenes se inspiraram desta escola, considerada também como a fonte ou origem dos monastérios hesychastes da Igreja Ortodoxa.
Entre os ritos figuram danças sagradas, tais como existiam e são descritos no antigo testamento no tempo de Moisés. Homens e mulheres cantavam e dançavam louvores ao Eterno, ao Ser. Existe um texto apócrifo de João descrevendo Jesus dançando com os seus discípulos antes da sua despedida. 
Mesmo se a nossa hipótese não for confirmada, restará o fato de que Jesus foi um grande Terapeuta, pois além de cuidar do sofrimento físico alheio, procurou realizar a Terapia de toda a humanidade, através da sua constante recomendação de alcançar o nível Transpessoal da consciência que ele chamava de "Reino do Pai". E para alcançar este reino, um mandamento bastava: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".

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